Qual a diferença entre um mariscador e um rapa-tudo? Aproveitando as duas partes que compõem a porta, proponho colocar em confronto e diálogo as duas realidades da apanha de marisco na zona costeira de Sesimbra. Partindo de um desenho estritamente visual, pretendo transmitir as diferenças entre uma atividade histórica e sustentável que se quer com continuidade no concelho, versus a prática que origina desertificação de certos habitats marinhos, e impede o crescimento da população de crustáceos e outras espécies que habitam ou se desenvolvem em torno das rochas.
Assim num lado figuram percebes, lapas e mexilhões, e do outro cracas e rocha deserta. Recorrendo a várias técnicas de estampagem, decapagem e pintura, o desenho partirá também das camadas de tinta que já existem de intervenções anteriores. Porque se quer dar o exemplo da importância de ter em conta o que fica e o que se retira, também a execução terá este pensamento crítico presente, jogando com o fundo, os cheios e vazios. Porque Sesimbra é peixe, mas sem peixe não há pescadores, paremos para refletir sobre o impacto do rapa-tudo na sustentabilidade da vida marinha, da pesca e do seu comércio.
Largo António Batista, 6 Ver direções
38.443409, -9.101485
Nascida alfacinha, criada no campo azoiano aos fins-de-semana, tenho mar no meu nome e a cor que lhe deram foi o ruivo. Entre a vontade de ser astronauta e construir casas felizes para todos, estudei arquitectura, velejei e remei por vários mares, até perceber que o amor pelo desenho e pelos livros era mais forte e concretizável que tudo o resto. Formei-me em desenho no Ar.Co, ilustração no CIEAM, e design de comunicação na ESAD. Investigo património cultural nas horas vagas do design e gostava de ser um livro faz-tudo, explorando investigação e práticas criativas. Costumo dizer que o meu cérebro é um projecto inacabado, que insisto em manter aberto e crítico em relação ao mundo e à minha vivência nele.
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